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Um esforço contínuo em direção ao tratamento da SCA3

Escrito por Dr. Jorge Diogo Da Silva
Editado por Dr. David Bushart
Traduzido para o português por Priscila Pereira Sena

Como um grupo de pesquisa avaliou se a Rivastigmina, uma droga usada no tratamento da doença de Parkinson, pode exercer um papel no tratamento da SCA3

Ataxia Espinocerebelar do tipo 3 (SCA3), também conhecida como doença de Machado-Joseph (MJD), é a ataxia hereditária mais comum mundialmente. Como acontece com outras ataxias, não existe um tratamento curativo ou que diminua os sintomas da SCA3, apesar de todos os esforços dos pesquisadores. Mas os investimentos continuam, com diversos ensaios clínicos atualmente em andamento.

Quando estão à procura de novas estratégias para o tratamento de uma doença, os pesquisadores levam em consideração os medicamentos efetivos no tratamento de doenças similares. Em um estudo recente, Grobe-Einsler e colaboradores reportaram o teste de um medicamento em cinco pacientes com SCA3. Eles tinham interesse em saber se o medicamento rivastigmina poderia melhorar os sintomas em pacientes com SCA3, já que havia mostrado resultados positivos no tratamento da doença de Parkinson, uma outra doença neurodegenerativa que também causa distúrbios de marcha. Nesse relatório anterior, a rivastigmina mostrou melhorar algumas deficiências de marcha comumente observadas em pacientes com doença de Parkinson. Como os pacientes de SCA3 também têm dificuldades de marcha e equilíbrio, Grobe-Einsler e colaboradores quiseram testar a rivastigmina em SCA3 para ver se isso resultaria em uma melhora semelhante.

Para avaliar os efeitos da rivastigmina em SCA3, os pesquisadores selecionaram cinco pacientes com SCA3 cujas idades variaram entre 37 e 61 anos. A rivastigmina foi administrada através de injeções transdérmicas, o que significa que o composto foi injetado na camada externa da pele, diariamente e por oito semanas. Cada paciente teve uma visita inicial antes do início do tratamento, na qual eles foram avaliados por um médico para a escala SARA (SARA score), uma escala de pontuação que compreende diversos testes clínicos para avaliação dos sintomas da SCA. As capacidades de marcha e caminhada também foram avaliadas com a utilização de um dispositivo automático chamado GAITRite®. Os mesmos testes foram conduzidos novamente depois de 4 e 8 semanas, a contar do início do tratamento.

Dos cinco pacientes, um teve que interromper o tratamento após duas semanas devido à piora de uma asma pré-existente, o que é um efeito colateral bem reconhecido da rivastigmina. Os outros quatro pacientes completaram o estudo sem nenhum efeito adverso.

Após terminarem o tratamento, dois pacientes relataram progressos subjetivos no dia a dia, incluindo um menor número de quedas para um dos pacientes. Famílias e cuidadores de todos os quatro pacientes também reportaram melhorias. No entanto, não foram observadas alterações significativas na marcha e no equilíbrio usando o sistema automatizado GAITRite. Em relação à escala SARA, houve uma melhoria clinicamente relevante (uma diminuição de pontuação de mais de 2 pontos) após 8 semanas de tratamento, principalmente devido à melhoria na coordenação motora, sem alterações nas pontuações de marcha e caminhada. 

Em conclusão, os autores não observaram nenhuma melhoria da marcha ou caminhada com o tratamento com rivastigmina, mas detectaram uma melhor coordenação motora dos pacientes. É importante notar que todos os pacientes interromperam o tratamento após quatro meses, pois as melhorias no dia a dia não foram significativas. No entanto, é necessário que esse composto seja testado em mais pacientes para determinar com mais precisão se ele tem efeitos benéficos duradouros.

Após descreverem os resultados, os autores do estudo discutiram um ponto-chave para a pesquisa de tratamento em ataxia: por que este medicamento funciona para sintomas de marcha na doença de Parkinson, mas não funciona na SCA3? Uma possibilidade mencionada é de que as mudanças no cérebro que causam as anormalidades de marcha na doença de Parkinson são diferentes daquelas na SCA3. De fato, a rivastigmina é conhecida por atuar em um tipo específico de neurônio no cérebro que é afetado na doença de Parkinson, enquanto na SCA3 não se sabe se esse neurônio é afetado. Portanto, os autores concluíram que um melhor entendimento de quais mudanças acontecem nos neurônios de diferentes regiões cerebrais na SCA3 é essencial para os pesquisadores. Isso permitirá escolher de forma mais precisa quais compostos testar em pacientes, ou seja, aqueles que mais provavelmente terão como alvo os neurônios afetados e as regiões cerebrais relevantes em SCA3.    

Palavras-chave

SCA3: Uma doença neurológica hereditária que afeta adultos de meia-idade, cujos principais sintomas são a perda de equilíbrio ao ficar de pé e ao caminhar, bem como a falta de coordenação motora.

Escala SARA: Escala para o acesso de severidade da ataxia, que compreende diversos testes clínicos para análise de diferentes aspectos do movimento. Cada tipo de movimento contribui com uma pontuação individual, para uma pontuação total da escala SARA entre 0 (sem sintomas) e 40 (sintomas máximos). Aprenda mais no texto (em inglês) Snapshot on the SARA Scale.

Declaração de Conflito de Interesse

O autor e editor declaram não haver conflito de interesses.

Citação do Artigo Revisado

Grobe-Einsler, M., Vogt, I., Schaprian, T., Hurlemann, R., Klockgether, T., Kaut, O. Effects of Rivastigmine on Patients with Spinocerebellar Ataxia Type 3: A Case Series of Five Patients. Neurodegenerative Diseases, 2020. 20: p.104-109 (https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/32992315/)

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