Oligonucleotídeos antisenso (em inglês “antisense oligonucleotides” – ASOs ou AONs) são pequenas moléculas que podem ser usadas para prevenir ou alterar a produção de proteínas. As proteínas são os “trabalhadores” da célula e coordenam a maior parte dos processos celulares. A formação de proteínas geralmente consiste em duas etapas: primeiro, um gene específico codificador de proteína é convertido em uma molécula de instruções chamada de RNA mensageiro (mRNA). O mRNA carrega a informação daquele gene para o compartimento celular onde as proteínas são montadas. Nesse compartimento, a informação trazida pelo mRNA é então convertida em proteína. Os ASOs são curtos pedaços de DNA fita única complementares a uma sequência específica de mRNA. Baseado no tipo de modificação química, um ASO pode ter dois efeitos diferentes no mRNA. Algumas modificações de ASOs acionam a destruição do mRNA. Isso vai resultar na perda da proteína correspondente. Outras modificações podem mascarar certas partes do mRNA, levando a uma versão alterada da proteína.
A maioria das ataxias espinocerebelares (em inglês “spinocerebellar ataxias” – SCAs) é causada pela acumulação de proteínas tóxicas em algumas regiões do cérebro. O objetivo principal dos tratamentos com ASOs em SCAs é, portanto, prevenir a produção de proteínas tóxicas. Um exemplo é o trabalho do grupo do Dr. Harry Orr na Universidade de Minnesota. Seu grupo estuda a ataxia espinocerebelar do tipo 1 (SCA1), que é causada pela acumulação tóxica da proteína ataxina 1. Injeções de ASOs em um modelo animal de SCA1 diminuiu os níveis de ataxina 1 e recuperou os sintomas de descoordenação motora característicos da SCA1. Uma outra forma de utilizar os ASOs no tratamento de SCAs é através da modificação da informação contida no mRNA a fim de produzir uma versão modificada da proteína. Essa abordagem tem sido testada na ataxia espinocerebelar do tipo 3 (SCA3), em que uma expansão do gene ataxina 3 torna tóxica a proteína resultante. O grupo da Dr. van Roon-Mom na Holanda, por exemplo, utilizou ASOs para remover apenas o trecho expandido da ataxina 3, permitindo que a proteína resultante mantivesse sua estrutura e função intactas.
Ambos os estudos, assim como outros estudos realizados para diferentes tipos de SCA, enfatizam o potencial uso de ASOs como terapêuticos em SCAs. Apesar de grande parte das pesquisas para o uso de ASOs em SCAs ainda estar em fase pré-clínica, o uso de ASOs já foi aprovado pela agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA (FDA) para o tratamento de outras doenças, como a distrofia muscular de Duchenne e a atrofia muscular espinhal. Mais ensaios clínicos terão de ser realizados para avaliar o benefício terapêutico dos ASOs em pacientes com SCA.
Se você quiser saber mais sobre oligonucleotídeos antisenso, dê uma olhada nesse artigo (em inglês) no HDBuzz sobre o desenvolvimento de ASOs para terapia na doença de Huntington.
Snapshot escrito por: Larissa Nitschke
Editado por:Dr. Hayley McLoughlin e traduzido para o português por Priscila P. Sena

Snapshot: What is the cerebellar cognitive affective syndrome (CCAS) scale?
Cerebellar cognitive affective syndrome (CCAS) is a condition where cognitive and emotional abilities are affected due to cerebellar damage. Historically, the cerebellum was identified as the part of the brain Read More…

Snapshot: What is RFC1?
RFC1 is a gene that encodes for replication factor C subunit 1, a component of the protein replication factor C (RFC), which plays an important role in DNA synthesis. RFC Read More…

Snapshot: What is the Brief Ataxia Rating Scale (BARS)?
How do you accurately measure something as nuanced as coordination? For clinicians assessing ataxia, this question has driven the development of various rating scales. The Brief Ataxia Rating Scale is Read More…